Corregedores aprovam criação da “Medalha Guerreira Maria – 2 de Julho”
Honraria - proposta pelo Corregedor Eleitoral da Bahia, desembargador Jatahy Júnior - destina-se a reconhecer magistrados, personalidades, servidores e instituições por seus préstimos à democracia e à Justiça Eleitoral
Corregedores eleitorais de todo o país aprovaram, na última sexta-feira (8/6), a criação da “Medalha Guerreira Maria – 2 de Julho”. A condecoração “de Honra ao Mérito Eleitoraldo Colégio de Corregedores Regionais Eleitorais do Brasil” foi proposta pelo Corregedor Eleitoral da Bahia, desembargador Jatahy Júnior, durante o XLIII Encontro do Colégio de Corregedores Eleitorais, realizado na capital baiana. A honraria homenageia uma das líderes da Independência da Bahia, Maria Felipa de Oliveira.
Durante o evento, o desembargador Jatahy propôs a criação da medalha ao lembrar a proximidade das comemorações ao “2 de Julho”, data da consolidação da Independência do Brasil, no ano de 1823. Conforme o corregedor, “em que pese variada gama de personagens envolvidos na batalha, nem todos os atores daquele evento são lembrados com a mesma reverência e frequência”, disse ao destacar o papel de Maria Felipa de Oliveira, “uma mulher negra, capoeirista, trabalhadora braçal, que se destacou comandando populares na Ilha de Itaparica. Maria Felipa, embora mencionada em alguns registros, é um exemplo das perdas decorrentes da falta de recordação daqueles que se destacaram por terem colaborado com o desenvolvimento do nosso país”, afirmou.
Ao apresentar a proposta, o desembargador Jatahy Júnior, esclareceu ainda que “guardadas as devidas proporções, a ‘Medalha Guerreira Maria – 2 de Julho, de Honra ao Mérito Eleitoral do Colégio de Corregedores Regionais Eleitorais do Brasil’, cuja criação submeto ao Colégio de Corregedores, destina-se a reconhecer e a agraciar magistrados, personalidades, servidores e, ainda, instituições que, por seus préstimos ao nosso povo, à nossa democracia, tenham o reconhecimento do Colégio de Corregedores dos Tribunais Regionais Eleitorais do Brasil”, justificou, tendo a proposta aprovada pelos seus pares.
Sobre Maria Felipa de Oliveira
Maria Felipa de Oliveira nasceu, em data não registrada, na Ilha de Itaparica. Apesar de poucos, registros apontam Maria Felipa como uma mulher negra, marisqueira, pescadora e que, ao lado de Maria Quitéria e Joana Angélica, participou da luta da Independência da Bahia. Relatos sobre a vida de Maria Felipa dão conta de que um grupo liderado por ela foi, por muitos anos, responsável pela defesa da costa da Ilha de Itaparica. Ao grupo é ainda atribuída a queima de cerca de 40 embarcações portuguesas.
Conforme os registros, Maria Felipa e outras mulheres de seu grupo faziam com que os soldados se sentissem atraídos por elas ao ponto de deixarem suas embarcações para segui-las. Em determinada localidade, o plano era revelado e os soldados castigados com surras de cansanção.
A história de Maria Felipa de Oliveira, apesar de pouco documentada, vive na memória da população da Ilha de Itaparica e em algumas obras, a exemplo do livro “A Ilha de Itaparica”, publicado em 1942, onde o historiador Ubaldo Osório Pimentel – avô materno do escritor João Ubaldo Ribeiro – cita a figura histórica de Maria Felipa.
Reconhecimento
A proposta do desembargador Jatahy Júnior para criação da Medalha Guerreira Maria – 2 de Julho foi ainda reconhecida pelaescritora e mestre em Educação pela Universidade Federal da Bahia – UFBA, Eny Kleyde Vasconcelos Farias. “Soube da criação dessa medalha por sites e jornais e, por isso, fiz questão de vir, pessoalmente, a sede do TRE para, de algum modo, contribuir com essa grande ideia”, afirmou a autora do livro “Maria Felipa de Oliveira - Heroína da Independência da Bahia”.
Durante a visita, a escritora fez questão de presentear o corregedor com um exemplar do seu livro. “Estou muito feliz em ver a história de Maria Felipa ganhar ainda mais representatividade. Tenha certeza que a notícia de que a honraria levaria o nome da Maria Felipa foi uma grande satisfação para mim”, completou.
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HS